Escuso



"Então eu nunca te conheci de verdade. Deus, eu realmente tentei."
- Ashe, "Moral of the Story".

Quando encontrei-te, querido
Não passava de uma criança
Jovem e marcada
Preenchida por desesperança

Filha de uma lutadora
E um velho sofredor
Não conhecia o punk
Não conhecia o amor

Hoje, despida de pudores
Vestida de coragem
Aprendi a lutar
Embarcar na minha própria viagem

Sofri minha metamorfose
Não me admira que mudes também
Mas tu, jovem Escuso
Foi muito, muito além

Talvez nunca tenha sido
O homem que eu idealizei
Talvez nunca venha a ser
A pessoa pela qual eu me apaixonei

Lembro-me da tua melancolia
E das coisas que senti
Tua voz de anjos e demônios
E da liberdade que eu vi

Lembro-me de ter escuta
Pras surras que da vida você levou
Lembro-me do fascínio pela história
Que com o olhar você me contou

O sopro de adrenalina
A injeção de ousadia
Sua pura presença
Do paraíso ao inferno me conduzia

Isso tudo eu delirei?
E a verdade está posta
Você é mais um ponto
Cuidadosamente posicionado na curva

Mente conservadora
Num rosto subversivo
Mentiras veladas, querido
Quem é você quando está sozinho?

Espero que assim como me ocorreu
A epifania lhe venha então
O tempo passa
Mas as feridas não

Pensei te conhecer como ninguém
Era você o dono do meu único traço de fé
A vida me soprou no ouvido um fato:
Eu não sei mais quem você é.


Sub-versiva, 15 de novembro de 2019

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