Ensaio de uma estrela

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Eu não sei o que escrever. Palavras são só palavras e elas nunca traduzem  o que a gente quer dizer. As vezes são vazias e significado e as vezes transbordam. Qualia. Tudo aquilo que eu nunca soube dizer na minha vida passa agora diante dos meus olhos. As palavras que eu não disse de uma maneira ou de outra ficaram gravadas em mim, tatuadas. Talvez seja isso que as minha pintas significam. Bom, a partir de agora é definitivamente isso.

                Palavras são poucas diante da grandeza da vida, e puxa, tudo é pouco diante da grandeza da vida. Eu não consigo dizer o quanto eu me amo e amo todo mundo que me ajuda e me apoia. Eu achei que esse fosse um texto sobre palavras mas acho que ele é um texto sobre amor. Eu amo muito mais coisas do que eu odeio e eu nunca seria capaz de dizer isso à um ano atrás, porque eu tinha tanta certeza de que tudo era horrível que eu nunca dei espaço pra que não fosse. Eu queria que esse fosse um texto artístico e rebuscado mas acho que eu estou cada vez menos preocupada com isso e mais preocupada com a verdade das coisas, e as vezes a verdade vem em palavras simples.

                No momento só estou preocupada em ser eu, de verdade, e pra fazer isso eu preciso descobrir quem eu sou. Eu não tenho plena certeza e gosto de me abrir pra possibilidades, mas acho que eu sou arte, mudança, cultura, verbo e verso. Eu sou um polvo rosa reversível, sou um gato preto, sou um lobo preto, vou uma garota negra. Eu desenho, escrevo, pinto, vivo e morro todos os dias e mim mesma. Minha mente é um universo, todo o ciclo de vida de uma estrela. Eu brilho, e capto luz e tudo são fazes de uma mesma coisa. Porque eu sou parte de universo e a coisa em si.

                Eu sou a capa de Unknown Pleasures. Eu sou um estrela.

sub-versiva, 4 de maio de 2021