Dicotomia




"All I needed was to hear the truth
I'm lying naked and my brain has lost its screws
I hid away inside a lonely room
Never as lonely as when I'm alone with you"
Screws, Dreamers

Seu idiota.


Eu nunca fui de muitos afetos. Meu amor está nas palavras, nos olhares, nos atos, e você... é o único toque pelo qual eu anseio, quando nossas mãos se esbaram em uma troca de xícaras, quando você toca minha nuca tentando me confortar, quando você me abraça por trás para me assustar, ou daquela vez idiota em que nós ficamos tão próximos que você pode afirmar que eu tinha cheiro de café, rindo um sorriso estúpido num rosto ridículo.

Eu te odeio por aquela vez em que você deitou do meu lado na cama e comentou da pinta que eu tinha no busto, mantendo o seu olhar naquele lugar estratégico por eletrizantes segundos que eu jamais esquecerei. Eu te odeio por aquela vez que você tomou meu rosto nas suas mãos e me fez olhar para você, até que seus olhos já tivessem sugado todas as minhas cores e eu ficasse pálida. Eu te odeio por aquela vez que você me abraçou naquela festa horrível e fez com que eu sentisse que eu viveria mil festas daquela só para ter aquele desfecho. Eu te odeio por quando você cantou "Plug in baby", do Muse, que virou instantaneamente minha música favorita deles. Ou daquela vez em que nós cantamos juntos “The man who sold the world” e eu descobri que a música era do David Bowie e não do Nirvana. Te odeio por aquela vez em que você falou que eu parecia um tal de Rick Sanchez, com toda a minha presunção e altivez quando eu falava de arte. Foi assim que eu conheci minha animação preferida.

E acima de tudo, te odeio por me fazer te amar.

Falando nisso, eu amo o modo como fez achar que se importava mas jamais disse isso pra mim, e eu fiquei buscando, sedenta por afeto nas suas parcas falas de amor. Amo o modo como me deu migalhas e eu, que nunca recebi merda nenhuma, achei que isso fosse amor verdadeiro. Amo como você iria até o fim do mundo para negar que “nós” um dia existiu. Amo o fato de como sua presença me desconstrói e remonta tudo errado, enquanto eu mal pareço afetar você. Amo como você odeia poesia e jamais faz esforço para ler nada que eu escrevo, mesmo sabendo que é importante pra mim. Amo ainda o fato de você se acomodar em qualquer situação. Amo sua covardia, suas mentiras, sua cara lavada, sua falta de cuidado. Amo sua indecisão e sua indiferença.

Amo tudo isso, pois cada parte vai me fazer aprender a te odiar.

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