Ab(sinto)
"Vai se foder você e sua cerveja."
Disse eu, bêbada de absinto.
Disse eu, vendo tudo dobrado, minhas perspectiva domada pelo que sinto.
Disse eu, em uma piscina verde radioativa de absinto.
Como dizer a você que eu me sinto assolada por uma chuva torrencial, com raios brilhantes e trovões com um som grave que treme o âmago da terra e dita as batidas descompassadas do meu coração, quando tudo que você conhece é uma garoa fina e melancólica, vista através do vidro embaçado da janela.
"Você não entende nada."
Disse eu, encharcada.
Como dizer a você que pra mim, a dor é uma vela acesa embaixo de mim, e por mais que a chama acesa não me toque jamais, o calor sobe e ferve e minha pele até ela se descolar do osso e entrar em estado liquido, ardendo e grudando de forma medonha a tudo que toca?
"Logo você, que reclama do calor do verão."
Disse eu, em combustão.
Como dizer a você que eu vivo respirando através de uma mordaça, que me sufoca e me cala, mas você não entende nada que eu gesticulo porque continua olhando bem na minha cara. O pano tá úmido e a minha boca, ressecada. Por mais que eu expanda a caixa torácica, nunca me sinto completamente preenchida de ar.
"Logo você, que reclama de usar uma máscara".
Gesticulei enquanto asfixiava.
Eu tento me comunicar por simbologias,
A coisa que me persegue como uma sombra.
Logo pra você, que vai ouvir e pensar:
Que belíssima e genial... metáfora.
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